O RELÓGIO DA MATRIZ DE SANT’ANA E SUAS CARACTERÍSTICAS ESPANTOSAS

Neste artigo, o autor evidencia os aspectos do Relógio da Torre da Matriz de Sant'Ana e contribui para saciar a curiosidade sobre o artefato, veja...

O RELÓGIO DA MATRIZ DE SANT’ANA E SUAS CARACTERÍSTICAS ESPANTOSAS

O tempo presente, passado ou futuro, quem pode definir o que foi, o que é ou que há de vir? Não me atrevo sinceramente, a não ser como historiador. Se alguém pode, fique à vontade por que há sempre um detalhe, há sempre uma relance, um aspecto, um espectro que faz o tempo ser perturbador e deveras elementar para a continuidade e permanência da vida e até do pensamento.

Quando vi pela primeira vez a minissérie o “Tempo e o Vento”, um menino recém saído das fraldas em um tempo em que poucas pessoas ou famílias possuíam uma TV, era um tanto magnífico ver o esplendor de um objeto que nos permitia ver e ouvir uma estória, que seria real… não, não era real, era apenas um grupo de pessoas seguindo um script, ou seja, falas e ações pré-determinadas de um texto que trazia consigo o intuito de nos manter na condição de telespectador, claro que em meio aos intervalos, nós, os telespectadores, não passávamos mais do que clientes em potencial para adquirir os produtos de primeira linha do mercado, ora, quem não gostaria de adquirir uma TV? Ou então, deixar a TV Preto e Branco e adquirir o melhor e mais moderno aparelho de TV colorida, a top no mercado.

Tv e mercado a parte, mas ao longo dos anos de adolescente e jovem obidense, sempre havia uma curiosidade relacionada ao tempo que intrigava deveras a minha mente, era o sistema de funcionamento do Relógio da Matriz. Sei hoje que alguns jovens tinham acesso e podiam visualizar o elemento motriz e até fazê-lo funcionar. Mas eu ocupado demais com outros assuntos nem me atrevia a chegar perto daquela escada que levaria diretamente ao local de funcionamento do curioso Relógio.

Mas, após tanto tempo foi justamente ao fazer lanche próxima a igreja Matriz no mês de maio de 2017 que me veio novamente a ideia de conhecer o misterioso Relógio. Mesmo assim, foi preciso tomar algumas informações sobre como é o funcionamento, a possibilidade de subir as escadas, quem autorizaria, até que no jantar proposto pelo grupo de pessoas envolvidas com o Projeto Amazônia reencontrei o Dona Ester, que cuida dos assuntos da Matriz de Sant’Ana com bastante propriedade a muitos anos e acertamos que às oito horas da manhã do dia 07 de julho de 2017 estaríamos na matriz e eu poderia, enfim, conhecer e fotografar o relógio da torre do lado esquerdo da Matriz, a Torre do Relógio.

Ao abrir e adentrar pela porta da frente, o olhar a contemplar a Matriz de Sant’Ana com o novo visual após a reforma de longa data, pelo que se via, já nos deixava orgulhosos só de estar ali e poderíamos nos deter a contemplar os detalhes do trabalho realizado arduamente por cada um dos operários na obra, mas o objetivo da visita, daquela visita, estava a alguns degraus acima, era o Relógio.

Sem pressa e ao mesmo tempo ansioso, fui subindo degrau a degrau, naquela escada estreita até o primeiro nível, depois mais uma escada íngreme que gradativamente, degrau após degrau, me levaria ao dito Relógio.

Quando não temos ideia do que encontraremos, o visual nos faz ter suposições acerca do que vemos, ora, ao olharmos da Praça de Sant’Ana ou de diversos pontos da cidade para a torre esquerda da Matriz visualizamos quatro relógios imensos, são quatro discos que marcam a hora, fora dos padrões, não é relógio de pulso ou de parede de uma residência, mesmo que seja de pêndulo, não tem aquele tamanho, por isso, imaginava que haveria um enorme sistema de engrenagens que movimentariam não um, mas quatro imensos relógios, engrenagens essas que fariam Charlie Chaplin deslizar como fez no filme “Tempos Modernos”.

Pensamentos a parte, porque ao chegar ao segundo nível da torre nos deparamos com o inusitado, o surreal, o inimaginável, não são quatro relógios é apenas um com o tamanho de 25 a 30 centímetros que possui todo um sistema de engrenagens, mas que se interligam aos quatro discos de relógio que ficam do lado de fora da torre e em um movimento sincronizado e harmônico estão ajustados ao relógio interno, aquele de 25 a 30 centímetros. Ora, é uma maravilha da engenharia de origem alemã que está em terra pauxis, as margens do estreito fivela.

Diante do relógio, sinceramente fiquei tão envolvido com minha descoberta que não conseguia parar de fotografá-lo, tinha a sensação de que faltava algo mais, alguma coisa a mais que precisava de meu olhar ou que precisava ser visualizado por todos aqueles, que conhecem esta terra, aquela igreja, aquela torre, aqueles relógios externos, mas não conhecem o relógio interno, que está lá no segundo nível da Torre Esquerda da Matriz de Sant’Ana guardando o tempo e vento que passa por lá.

Por Márcio Rubens

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