PRAÇA DO ESTREITO E A NEGAÇÃO DO LAZER

PRAÇA DO ESTREITO E A NEGAÇÃO DO LAZER. Veja...

Ao vermos algumas imagens publicadas em redes sociais acerca da conhecida Praça do Estreito que fica localizada entre o Forte Pauxis e as Barracas utilizadas durante a festividade de Sant’ Ana, elas nos remeteram a uma reflexão que nos proporcionaram conclusões de que ali ocorre um grande descuido com a manutenção do referido espaço e com os recursos públicos durante um longo período da História obidense.

Vale lembrar que o local foi ao longo de muitas décadas conhecido como O Barreirão, uma espécie de “Campinho de Futebol” onde muitos jovens, adolescentes e pessoas maduras puderam brincar de futebol, belário, pira e tantas outras brincadeiras de época.

Além de servir para a prática de brincadeiras e jogos o local também servia como referencial para a instalação de circos, parques de diversão, onde inclusive, o Projeto Circo Cultural* do Museu de Rua ou Museu Contextual** foi implantado.

Assim, a comunidade obidense possuía acesso à diversão e lazer em espaço amplo e adequado a esse fim, porém a construção da Praça do Estreito eliminou as chances do povo vivenciar o lazer, diversão e diversidade de opções com mais tranquilidade naquela área.

Nesse sentido, percebemos que a construção da referida Praça trouxe mais prejuízos do que benefícios à população uma vez que eliminou as opções de lazer no local, inibindo os jogos, eliminou a instalação de circos e parques fora o desperdício de recursos públicos, uma vez que, um dos objetivos da construção da Praça é que deveria ser o de servir como ambiente de contemplação do Estreito de Óbidos – local onde o Rio Amazonas é mais estreito ou onde a terra Fivela esse Rio, mas isso não acontece, porque a mata não permite.

O fato é que ali a vegetação é alta e densa impedindo com que os visitantes possam contemplar o local e caso as instituições responsáveis executem a retirada das árvores sem que seja feita a construção de barreiras de contenção, será possível vermos desabar a praça e tudo o que estiver por perto, evidenciando ser um grande fiasco a referida obra isto por causa de não ter havido o devido cuidado com o recurso público e também sem ter sido feito o estudo de impacto sociocultural e estrutural da ação. Parece mais coisa de gabinete, tipo decisão unilateral, sem ouvir a comunidade, sem consultar o principal interessado, o Povo.

A construção da Praça foi a nosso ver uma ação de quem não teve preocupação com o Lazer e com os parcos recursos deste município. Resultado, temos uma Praça que não tem a utilidade desejada e ainda assim, destruiu o lazer da população no local, bem com desperdiçou Recursos Públicos, e para piorar o quadro inibiu a geração de inúmeros empregos.

Além do Projeto de Construção da Praça ser um grande fiasco para o Lazer, para a difusão cultural no local e também pelo desperdício ou mal uso de recursos públicos, hoje o abandono é notório com a falta de manutenção, e talvez por esse motivo, o local tem sido bastante utilizado para consumo de drogas, bebidas, para pichações e outros fins. Vejam as imagens do local atualmente.

De qualquer forma, entendemos que é preciso que haja iniciativa por parte do poder público no intuito de considerar e valorizar o Lazer da população e por isso precisa tomar alguma atitude em relação ao local, no mínimo revitalizá-la, mas mesmo assim podemos não ter a característica principal de Mirante. Portanto, talvez sejam necessários ajustes a fim de adequá-la no intuito de assegurar a volta do Lazer ao lugar, tipo nivelamento do piso para adequá-la a pratica de esportes instalação de Circos e Parques em tempos pré-definidos e sob critérios pré-estabelecidos. Afinal, três praças próximas e o povo com raro Lazer é no mínimo estranho e destituir o Povo do beneficio de ter lazer, mesmo que tenham sido gastos muitos recursos para isso.

“O Lazer
O Lazer, que vem do latim ‘licere’ – ser lícito, ser permitido -, é normalmente definido como uma série de atividades que o ser pode praticar em seu tempo livre, ou seja, naquele momento em que não está trabalhando, em tarefas familiares, religiosas ou sociais, e que lhe proporcionam prazer. Neste contexto ele tem a oportunidade de relaxar, descansar, se distrair, exercer alguma forma de recreação.
É preciso não esquecer, porém, que o Lazer não é apenas um grupo qualquer de ocupações sem propósito algum senão preencher o tempo livre do sujeito. Ele pode e deve, como a animação cultural, ter uma conotação crítica e até mesmo transformadora da ordem instituída, mesmo que isso implique em desconstruir antigos mitos e convenções.
Desta forma é possível despertar o potencial criativo das pessoas e incluí-las cultural e artisticamente. Sem falar que o Lazer também está ligado ao âmbito pedagógico. Neste sentido, se ele é exercitado corretamente, pode colocar em prática os ‘Quatro Pilares da Educação’ de Delors: aprender a conhecer e a pensar; a fazer; a viver juntos, ou com os outros; a ser. Portanto, o papel do Lazer não é somente divertir alguém, vai além desta vaga função.
Além disso, é mais complexo definir o Lazer, pois ele pode estar ligado ao campo profissional de uma pessoa. Por exemplo, jogar bola pode ser uma atividade ligada a esta esfera para qualquer um que nela encontre prazer – portanto o indivíduo deve aderir a esta tarefa de forma voluntária -, mas se o indivíduo é um jogador de futebol, então como esta questão se resolve? Aí entra a importância da atitude diante da ocupação, porque se há deleite no que se faz então se pode considerar que o trabalho está, de certa forma, aliado ao Lazer.
Assim, o Lazer não pode ser meramente definido como algo impreterivelmente desvinculado do trabalho profissional ou de qualquer outra atividade do ser humano. Um dos estudiosos deste campo, Nelson Carvalho Marcelino, divide o Lazer em seis esferas essenciais no seu livro Estudos do Lazer, uma introdução, de 2000: interesses artísticos, intelectuais, físicos, manuais, turísticos e sociais.”

Texto em Negrito de Ana Lucia Santana
Fonte: https://www.infoescola.com/sociologia/lazer/
 

* Circo Cultural: Projeto desenvolvido dentro do projeto Museu Contextualizado ou Museu de Rua que consistia em uma Tenda de Circo onde eram feitas apresentações sobre a Cultura Popular obidense. Essa Tenda de Circo foi montada no antigo Barreirão, atual Praça do Estreito.

** Museu Contextualizado: Também conhecido como Museu de Rua – Projeto desenvolvido pelo DPHAC (Departamento do Patrimônio Histórico e Cultural do Pará) que visou fazer o levantamento Histórico e Arquitetônico dos imóveis com valor Histórico e Cultural nos municípios de Cametá, Vigia e Óbidos.

Por Márcio Rubens

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Historiador, Blogueiro e Criador de Conteúdo Digital...

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